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(Fonte: C.M.L.) |
ÚLTIMOS CAPÍTULOS DE UMA NOVELA COM QUASE 30 ANOS
O antigo Cinema Paris é propriedade da empresa Sociedade Geral de
Cinemas, e era explorado pela Lusomundo, que desinvestiu nele no exacto dia em que abriu as suas salas no C.C.Amoreiras. O passo seguinte foi o abandono.
Seguiram-se várias tentativas para projectos inacreditáveis durante
a vereação 1997-2001, culminando num que previa a instalação de um supermercado da cadeia LIDL (!), que só não se concretizou
porque a cadeia se desinteressou do local.
Paralelamente, desde 2000 que é apresentado um projecto de oficina
vocal e academia de voz, por parte do Coral Lisboa Cantat.
É dada ordem de demolição a 7 de Janeiro de 2003.
Em 9 de Janeiro é suspensa a demolição, dando resposta a uma vaga de protestos.
O Presidente da CML, em 15 de Janeiro, convida os lisboetas a visitarem o espaço, para se darem conta do estado do edifício.
(ali)
Em Junho de 2004, em sessão de executivo camarário, é aprovada a expropriação
do Paris, como se comprova ...
(acolá).
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Linhas gerais da proposta de expropriação
1. PROPOSTA AO GOVERNO A DECLARAÇÃO DE UTILIDADE
PÚBLICA DO CINEMA PARIS, COBRINDO UMA ÁREA DE 948
M2.
2. PROPOSTA DE POSSE ADMINISTRATIVA
DO BEM POR PARTE DA C.M.L.
3. APROVAÇÃO DE UM VALOR DE 816.228 EUROS
PARA A EXPROPRIAÇÃO.
Diagnóstico:
- O
Cinema Paris é um edifício que se encontra protegido pela Zona Especial de Protecção da Basílica da Estrela,
pelo que qualquer projecto precisa de autorização do IPPAR;
- A
CML, dado o estado de degradação do Paris, e face à mobilização dos lisboetas, decidiu-se pela expropriação do edifício, em
Junho de 2004, com vista à sua recuperação como pólo cultural, tendo já atribuído um valor de expropriação e acordado
o regime de permuta com o proprietário.
...
Só que, na sequência
da sindicância que decorreu/decorre na CML, o mesmo Paris aparece no respectivo relatório, ainda que por portas travessas.
Ou seja: não é propriedade da CML. Andaram todos a brincar com a população!
Esclarecimento do neto do fundador do Paris:
« Ao Fórum Cidadania Lisboa
Tendo tomado conhecimento com
o vosso texto sobre o Paris Cinema da Rua Domingos Sequeira nº30, com o qual na generalidade concordo, quero apenas esclarecer
o que não é muito claro no início do vosso texto.
Sendo neto do fundador do cinema,
Victor Alves da Cunha Rosa, que o mandou edificar em 1930 como “cinema de estreia”, para substituir o antigo Cinema
Paris situado no fim da Rua Ferreira Borges, já perto das Amoreiras, friso que já há muitos anos que ele não pertence à Sociedade
Geral de Cinemas, ao contrário do que é dito no princípio do texto. Os últimos anos da sua propriedade pela Sociedade Geral
de Cinemas foi muito complexa, pois tendo-o alugado à Lusomundo, como o v. texto menciona, esta empresa deixou-o ao abandono,
a degradar-se, sem qualquer exibição de filmes durante anos, tendo a Sociedade que recorrer aos tribunais para voltar à sua
“plena posse” e assim preparar a sua venda, o que foi concretizado. Variados anos após a sua venda a um privado
que o manteve sempre fechado e em contínua degradação, foi o cinema posteriormente adquirido pela Câmara.
Era muito interessante o seu
projecto inicial da autoria do Arquitecto Victor Manuel Piloto, com apoio no seu arranjo interior do Pintor Jorge de Sousa,
de onde se salientavam as 4 peças escultóricas (baixos relevos) do Escultor Simões de Almeida (sobrinho) situadas no “foyer”
do balcão. Pena que nos anos 50 tenha sido algo desvirtuado, em parte devido a obrigações regulamentares, tendo no entanto
sido na sua sequência feita a encomenda da pintura mural na grande “sala de fumo”, igualmente do balcão, ao Pintor
Paulo-Guilherme (d’Eça Leal). Creio que esta pintura ainda existirá.
É minha convicção que, a manter-se
esse equipamento com espaço cultural da cidade, deverá ser restaurada conforme o projecto inicial a fachada principal e a
sua área imediatamente anexa da entrada (piso térreo) e do “foyer” (piso superior), devendo a(s) sala(s) de espectáculos
e restantes espaços ser alvo de um projecto integralmente novo, contemporâneo, convenientemente articulado com o projecto
de Victor Piloto.
José Cunha Rosa Silva Carvalho»
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(Fonte: C.M.L.) |
Morada: Rua Domingos Sequeira, Nº 28-30, freguesia da Lapa.
Data inauguração: 1931.
Autoria: Arqº Victor Manuel Carvalho Piloto.
Encerrou em finais dos anos 70.
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(Fonte: C.M.L.) |
CURIOSIDADES:
1. O Cinema Paris figura no filme de Wim Wenders, «Lisbon
Story» (1994).
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(Fonte: C.M.L.) |
2. Está protegido pelo Plano Director Municipal, ref. 17.08.
3. Está protegido por se inserir na Zona Especial de Protecção da Basílica da Estrela,
portaria de 14/12/1955.
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(Fonte: C.M.L.) |
Proposta:
- A CML deve garantir junto do Governo a aprovação da proposta de expropriação do
mesmo, com base nos pressupostos apresentados pela CML em Junho de 2004;
- A CML deve reabilitar o Paris, respeitando a traça da fachada
e o desenho da sala, incluindo o seu imenso pé-direito, de molde a ser executado o
projecto de oficina vocal apresentado pelo Coral Lisboa Cantat, em 2000;
-
O Paris tem imenso potencial para ser "o" pólo cultural de uma imensa zona onde não há um único espaço cultural, e que abrange os moradores de parte significativa da Lapa, de Campo de Ourique e de Santa
Isabel.
Gestão: Coral Lx Cantat, desde que observada a cedência da sala a iniciativas pontuais das Juntas
da Lapa, Santa Isabel e Santo Contestável, bem como a projecção esporádica de filmes e iniciativas dos moradores.
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